Publicado em 27 de maio de 2014

O espanhol nos Estados Unidos

Uma história de sucesso e a controvérsia do Spanglish

Quais são os principais motivos para estudar espanhol? O espanhol é a língua materna de mais de 420 milhões de pessoas no mundo e a língua oficial de 21 países, entre os quais 7 deles o Brasil faz fronteira. Também é a língua oficial de trabalho em organizações tão importantes quanto a Organização das Nações Unidas (ONU), a União Europeia (EU), a UNESCO e o MERCOSUL. Muitas pessoas a utilizam como meio de comunicação nos negócios, nos estudos, no turismo, nas ciências, na literatura, na tecnologia e, se aprender espanhol, poderá ler na sua língua original as palavras de Cervantes, Borges, Lorca ou García Márquez. Mas você provavelmente já sabia de tudo isso. Se ainda não estivesse convencido das vantagens de se tornar um falante de espanhol talvez deveria dar uma olhada no que está acontecendo nos Estados Unidos.

Nos Estados Unidos, atualmente, existem 308,7 milhões de habitantes e aproximadamente mais de 40 deles falam espanhol. A maior parte deles são imigrantes da América do Sul, mas aproximadamente 3,5 milhões de pessoas não são de origem hispânica. Isso torna os Estados Unidos o terceiro país com maior número de falantes de espanhol, atrás do México e Colômbia.

Atualmente, o poder de compra dos hispânicos já superou o dos afro-americanos e esse dado é muito importante para entender o atual panorama dos hispânicos nos EUA. O coletivo hispânico tem ganhado muito poder, chegando ao ponto de ter se tornado um público-alvo de grande interesse, um interesse compartilhado pelas grandes empresas, que querem fazer parte dos mais de 350 milhões de dólares consumidos pela comunidade hispânica. Além do seu crescente poder econômico o seu rol político também não é menor. Aliás, muitos hispânicos já conseguiram virar deputados, prefeitos e, inclusive, governadores.

O spanglish

Um dos fenômenos mais interessantes que acontecem com o espanhol nos Estados Unidos é o nascimento do “spanglish”, a mistura entre o inglês e o espanhol, uma pseudo língua, não oficial, que já foi alvo de grandes polêmicas entre linguistas.

Segundo o professor mexicano Ilán Stavans, que reuniu cerca de 6 mil exemplos de palavras do idioma no livro ‘Spanglish: The Making of a New American Language’ essa forma híbrida de comunicação tem três jeitos para ocorrer.  A primeira é a mistura de palavras em espanhol e inglês na mesma sentença, por exemplo: “cierra la window” (fecha a janela). A segunda é a tradução literal de palavras e expressões, como: “te llamo para atrás” no lugar de “I´ll call you back” (retornarei sua ligação). A terceira é a criação de novas palavras, exemplos de criatividade popular, como: “chopear” (ir às compras), que vem de shopping, ou “parquear” (estacionar um carro), do inglês  “to park”.

Stavans acha que o “spanglish” é uma sinal de originalidade e a herança que os latinos vão deixar na história dos Estados Unidos. Muitos linguistas, considerados como “puristas” por seus oponentes por acharem que esse fenômeno contribui para desvalorizar a língua espanhola e representa um grave perigo para o progresso da cultura hispânica no país, pensam o contrário. Em geral, os intelectuais concordam com esse ponto de vista e pleiteiam que o “spanglish” carece de dignidade e de essência própria. Muitas associações hispânicas estão a favor de uma aprendizagem correta para serem competitivos numa sociedade globalizada e criticam o uso do “spanglish”. O que você acha? É o “spanglish” uma alteração desnecessária do espanhol? Uma mudança inevitável no século XXI? A controvérsia continua.